O "Mistério" do Ferrari #0524M

Em 13 de março de 1955 Casimiro de Oliveira participou no Grande Prémio de Dakar, no Senegal, ao volante do Ferrari 750 Monza chassis #0524M que lhe foi cedido pelo fabricante no âmbito de um acordo semi-works celebrado entre ambas as partes. O circuito, constituído basicamente por duas rectas longas e duas curvas rápidas, permitia velocidades elevadas e médias próximas dos 200km/hora, como se constata pelos 197km/h obtidos por Louis Rosier, no Ferrari 750 Monza #0520M e que ficaram a constar como o melhor registo obtido no traçado.
Provavelmente em consequência do rebentamento de um pneu Englebert, Casimiro de Oliveira perdeu o controle do carro e saiu da pista, destruindo o Ferrari. O piloto português foi hospitalizado e o #0524M regressou a Itália para se avaliar de uma possível recuperação.
Três meses mais tarde, Casimiro de Oliveira, já refeito do acidente de Dakar, apresenta-se para disputar o Grande Prémio de Portugal no Circuito da Boavista com  um  Ferrari 750 Monza completamente novo, embora o número de chassis fosse… #0524M. Outro carro com o mesmo nº de chassis do antigo, ou o mesmo carro reconstruído?
Fosse lá o que fosse, o carro parecia "amaldiçoado" e Casimiro de Oliveira sofreu novo acidente grave, o que o levou a colocar um ponto final na sua já longa e bem sucedida carreira desportiva.
Do chassis #0524 não voltou a haver notícia. Terá terminado na Boavista a sua breve mas atribulada  existência.
Algumas décadas mais tarde, o Ferrari 750 Monza #0520M de Louis Rosier viria a ser adquirido por José Manuel Albuquerque, que com ele disputou um número considerável de corridas até o voltar a vender.


"Analisando a foto e conhecendo bem o carro, mantenho que os danos para o chassis não terão sido de monta. Ele parece ter batido, provàvelmente nesse dito muro, em marcha atrás e de raspão lateralmente e terá em seguida capotado, não tendo havido por conseguinte nenhuma pancada forte lateral. A questão que eu levanto é como é que o pobre Casimiro terá escapado ao capotanço. Terá ele sido cuspido e saido apenas com arranhões e sem ossos partidos ? Deve ter sido isso.
Quanto ao meu anterior Monza, ele de facto tem uma história interessante. Chegou também a correr na Boavista. Acabei por o vender, para comprar o Maserati 300S, ao Karl Friedrich Scheufele, dono da Chopard e aparece em muitas fotografias de publicidade aos relógios da marca."

José Manuel Albuquerque

Fotos de Luis Sousa, que também colaborou na elaboração do texto.

O #0524M depois do acidente de Dakar ...

…e, meses depois, após o acidente da Boavista, já com pneus Pirelli.

Passo a narrar um texto escrito pelo Sr Manoel Oliveira:
"Logo no primeiro treino Casimiro vai lançado e um dos pneus de trás desfaz-se, o carro ginga para um lado e vai de marcha atrás. Ele encolhe-se para dentro, deixando-se escorregar em direcçao aos pedais. O veículo, recuando a alta velocidade, apanha por de trás um muro de blocos de cimento e desfaz cerca de cem metros. Virando depois para dentro de um campo cospe o Casimiro, que fica desmaiado de costas para o chão. Passado mais de um mês Casimiro sai do hospital e regressa a Portugal, recomposto mas magro e debilitado."
Luis Sousa

1 comentário:

  1. Passo a narrar um texto escrito por
    o Sr Manoel Oliveira
    Logo no primeiro treino Casimiro vai
    lançado e um dos pneus de tràs
    desfaz se ,o carro ginga para um lado
    e vai de marcha atras.Ele encolhe-se
    para dentro deixando se escorregar
    em direcçao aos pedais. O veiculo ,
    recuando a alta velocidade , apanha
    por de tras ,um muro de blocos de
    cimento e desfaz cerca de cem metros.
    e virando depois para dentro de um
    campo cospe o Casimiro que fica
    desmaiado de costas para o chao.
    Passado mais de um mes , Casimiro
    sai do hospital e regressa a
    Portugal recomposto mas magro e
    debilitado.
    Luis

    ResponderEliminar